quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

O polêmico projeto de irrigação da Chapada do Apodi

Pretendo abordar hoje um assunto um tanto quanto polêmico, o Projeto de irrigação da Chapada do Apodi, chamado por opositores de “Projeto da Morte”. Pois bem quero deixar bem claro que não pretendo posicionar-me a favor e nem contra o projeto, o intuito é tão somente aprimorar e levantar debates com relação ao referido tema. Gostaria também de deixar claro que apenas levarei em consideração argumentações pertinentes, dizeres como: “sou contra porque foi o deputado tal que trouxe” ou “sou contra porque o meu grupo político é contra” ou mesmo, “sou a favor porque foi meu candidato que trouxe” serão bem-vindos a não participar da discussão.



Primeiramente, gostaria de levantar pontos positivos e negativos, levando em consideração sempre uma perspectiva de quem está alheio as discussões, e que não tem nenhum lado definido. Pois bem, segundo o DNOCS a implantação do distrito irrigado tornará possível a criação de cerca de 12 mil empregos, acredito que este seja um ponto positivo, visto que a cidade ao qual será privilegiada conta com uma população de pouco menos de 35 mil habitantes (censo 2011), essa larga geração de empregos tanto beneficiaria a cidade no âmbito de que seus moradores poderão ocupar essas vagas, como a atração de trabalhadores de outras localidades, trazendo consigo o consumo no mercado local. Há também a questão do ICMS, visto que algumas grandes empresas estarão se instalando na cidade, é provável que um alto valor de impostos entre nos cofres da prefeitura para serem usados em obras de infra-estrutura, por exemplo. Com relação a utilização das águas da barragem, acredito que colocaria fim nos fortes problemas enfrentados pela região da chapada em decorrência de seguidas secas, se existe o potencial hídrico para ser usado, então que assim seja, não acredito que alguém ache correto que os recursos hídricos sejam estagnados e represados, sendo que tanta gente precisa desse bem.



Por outro lado, vejamos os malefícios, provavelmente o maior deles é a despropriação de algumas centenas de famílias de suas terras, alguns dizem que é um mal necessário, mesmo assim uma atitude não muito bem vista pela população em geral, os moradores deveriam ser muito bem remunerados por deixarem suas terras, visto que embasados por lei o governo tem autonomia de desapropriá-los. A implantação do projeto também afetaria e muito a agricultura familiar, visto que grandes empresas serão instaladas. A utilização de agrotóxicos já não é um bicho de sete cabeças, visto que mesmo pequenos produtores usam deste artifício, mas com o projeto, o provável é que esse tipo de mecanismo seja implantado em larga escala. Há ainda a dúvida com relação a capacidade da barragem, alguns estudiosos dizem que ela não tem condições de fornecer a vazão necessária para o projeto.



Esses são apenas alguns pontos abordados por mim e gostaria que os leitores usassem de seus conhecimentos e participassem da discussão a fim de elucidar os cidadãos que ainda não tem ideia formada acerca deste assunto. O espaço é de vocês



(Como acredito que este é um tema delicado, peço a compreensão de todos, caso tenha falado algum absurdo ou equivocado-me a respeito de algo. Não fiz um parecer técnico, apenas levantei o tema para a discussão, como já disse, apenas com o intuito de esclarecer o tema à população em geral.)

O Conceituando

12 comentários:

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  2. Bela iniciativa. Discussão neste nível ajuda, em muito, o entendimento da sociedade a respeito do projeto.
    Não podemos deixar de iniciar essa discussão, sem levar em consideração a oportunidade, única, de Apodi dá um salto em desenvolvimento com a implantação do projeto.
    Culturalmente, estamos condicionados a esperar do poder público, todas as bem melhorias em nossa cidade. P.E. Se a rua está surja, culpamos o poder municipal, pois não colocou o gari para limpar mas, não cobramos do nosso vizinho que joga lixo na rua. E por ai, seguem os exemplos.
    Já se a taxa de desemprego é alta, culpa do governo municipal e estadual que não consegue gerar emprego e renda. Como se fosse obrigação, exclusiva, do poder público. Esquecemos que vivemos em uma sociedade liberalista ou neo liberalista, como alguns chamam!
    Cidades que abraçaram projeto como esse, deram um salto em desenvolvimento que, seria impensável antes.
    Compreendo e sou solidário em alguns questionamentos, levantados por alguns. Desapropriação, é certo que arrancar os agricultores de suas terras, chega a ser desumano mas, quebrando paradigmas, a quanto tempo esse agricultor sofre, ano após ano, com estiagens, muitas vezes, "mortal", por falta de uma oportunidades? Não é raro, ver esses agricultores abandonando suas terras, indo buscar alguma chance de sobrevivência na cidade. Agrotóxicos, seu uso é fiscalizado e controlados pelos órgãos competentes. Já sobre a capacidade de vazão da barragem, é algo que considero, em toda essa discussão, mais descabida. Esse é o primeiro estudo realizado para projeto neste sentido, afinal, empresa nenhuma irá investir se não tiver segurança de que teria água suficiente para tocar seus empreendimentos.
    Vamos continuar o discussão com maturidade, sem paixões ou fanatismo. Para tanto, poderíamos acabar com o rótulo de "Projeto da morte", acredito que será muito impactante para alguns, entretanto, usar este rótulo é agressivo e crian um sentimento de revolta que pode nos levar para um caminho perigoso.

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  3. Caro Wilker Câmara, primeiramente obrigado por participar deste debate, fico feliz que tenha gostado da iniciativa.
    Gostaria de informar que um de seus comentários foi excluido pelo simples fato de ter sido duplicado, acredito que por um descuido ou erro do próprio sistema de comentários.
    Novamente obrigado pelas palavras.

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  4. É sem dúvida um tema complexo. Concordo nesse ponto também. E tenho dito que não sou a pessoa apropriada para falar sobre o assunto. Os agricultores, moradores daquelas terras sim. Eles são os principais envolvidos no processo. Contra o projeto não sou. Mas total e completamente contra a forma como se deu esse projeto. Faltou discutir com os principais agentes que serão afetados na sua dignidade.

    Prof Pedro Filho

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    1. parabéns Prof. pedro filho falou e falou bonito, todo e qualquer projeto seja ele de irrigação ou para outros fins que venham a beneficiar a população,é de extrema importância que se faça uma discussão com a população local para que se possa adequar, no caso o projeto com as necessidade e problemas locais, e não de forma que venha a beneficiar em primeiro lugar os "grandes"

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  5. Excelente colocação Prof. Pedro Filho, seria ótimo ouvir alguns dos principais envolvidos, saber a sua opinião, como estão sendo tratados, quais a preocupações governamentais com os mesmos.
    Agradeço também o elogio no outro comentário. Obrigado

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  6. E a questão da rápida estagnação das terras, consequentemente da produção e com isso o desemprego. Depois disso as terras não terão como ser usadas novamente de forma normal e vc tem ideia dos processos para tornar uma terra devastada em produtiva de novo, principalmente numa cultura onde não consegue se aproveitar as fontes naturais de forma sustentável? Falando em sustentável, o modelo do projeto vai de encontro a agricultura familiar, a qual o Apodi é conhecido nacionalmente. Tem a questão da poluição do solo, afeta as abelhas e assim a escala do mel onde Apodi já se tornou exportador mundial... Melhor seria usar esse dinheiro para fortalecer o que o que vem dando certo. Intensificar a postura empreendedora do agricultor apodiense...

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    1. Caro Anônimo, esse é o real motivo da criação do post, fazer com que as pessoas que têm argumentos os utilizem, assim como o fez com maestria. São questões que realmente devem ser examinadas, chamo atenção para algo que esqueci na postagem, o seu questionamento acerca das terras que podem se tornar improdutivas com o tempo e com a má utilização, e obviamente nós apodienses não queremos que isso ocorra. Obrigado por enriquecer o debate.

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  7. Caro Lyneker, parabéns pelo texto provocativo. Assim como afirmou o Prof. Pedro Filho, é provável que não sejamos as pessoas mais indicadas para tratar este assunto, mas sim aqueles que sofrerão com as consequências deste projeto. No entanto, o fato de não sermos agricultores não nos impede de criar um debate acerca do que cremos ser "o certo" a se fazer. Não tenho conhecimento suficiente e posso me equivocar com o que irei dizer, mas, acredito que o governo deveria procurar uma forma de não desapropriar os agricultores de suas terras, humanamente falando, retirar a terra daqueles homens e indenizá-los não é a coisa certa a fazer, o máximo que conseguirão comprar com o dinheiro recebido é uma casa na cidade, o que piorará ainda mais a situação visto que são agricultores, muitos deles levaram uma vida inteiramente rural. Ainda nos resta um outro problema, se os donos das terras passassem a trabalhar nas terras adquiridas pelas empresas, que antes eram suas, o governo estaria assim transformando agricultores autônomos em meros empregados de empresas privadas, ou seja, os homens estariam migrando de donos dos meios de produção à proletários. Obs.: Certamente o meu texto refletiu a questão de forma puramente negativa, claro que creio que existam diversos fatores positivos, os quais o espaço não me permite enumerá-los.. Att,

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  8. Alguns benefícios acredito que certamente esse projeto trará. Mas sou totalmente contra a forma de desapropriação que está sendo imposta a essas famílias. Mais do que serem apenas remanejadas, essas pessoas estão tendo suas identidades, suas histórias desprezadas, jogadas no lixo! Não estão sendo ouvidas!! Se esse projeto trará benefícios à população, que provem, começando por beneficiar essas famílias, que perderam a paz por conviver com o pesadelo de perderem tudo que construíram de um dia para o outro. A indenização oferecida é uma piada de mau gosto, pois não cobre nem o prejuízo material, que dirá os danos afetivos, o tempo de trabalho investido em suas terras, a história vivida, suas conquistas! Pois legalmente isso deve ser elevado em conta sim! Para mim, esse tipo de prática é resquício de outra que sempre esteve presente na história desse país conservador: o benefício de alguns, pelo prejuízo dos massas mais simples. E estou falando de RENDA sim! Pois acho difícil os grandes empresários da minha cidade conviver com problemas como este!!
    Para mim, isso não passa de uma exclusão social, bruta e criminosa!!!

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  9. Estou extremamente feliz pelo caminho este debate está tomando, acredito que apenas opiniões pertinentes e sensatas estão sendo abordadas. Obrigado Tássio e Gildevan por enriquecerem esse posto com seus comentários.

    Percebo que a questão da desapropriação é realmente um dos temas mais polêmicos e discutíveis, visto que caso queira agir de um modo mais irracional, o governo está amparado por lei para fazê-lo. Entretanto, a população tem sim que ser ouvida, não vivemos em um regime totalitário, e devemos argumentar e protestar (sem violência ou vandalismo) quando acharmos necessário. População esclarecida é aquela que questiona e não a que escuta e baixa a cabeça.

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  10. é um projeto de extrema importância para qualquer cidade que tenha como objetivo um melhor desenvolvimento. porém deve-se levar em contar os problemas sociais em questão, pois os moradores locais que devem ser desapropriados, não vão perder só a sua terra, mas também as relações que mantinham com a mesma durante muito tempo, o que na maioria das vezes é muito problemático.

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